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Gustavo Almeida

Análise | O velho MDB do Piauí não anda mais com as próprias pernas

Partido, outrora uma potência em disputas proporcionais, se vê dependente de uma "fusão cruzada" para reeleger seus principais quadros.

O MDB sempre esteve entre as maiores bancadas da Assembleia Legislativa do Piauí. Em várias eleições seguidas, foi o partido que mais elegeu deputados estaduais. Em algumas, foi também o partido que mais fez deputados federais.

Apesar da grande força, poucas vezes teve coragem de lançar um candidato ao Governo nas últimas duas décadas. Em 2006, Mão Santa se candidatou, mas grande parte da legenda não o acompanhou, preferindo apoiar a reeleição de Wellington Dias (PT).

Em 2014, a candidatura desastrada de Zé Filho pelo MDB ao Governo do Estado também não conseguiu unificar o partido. O próprio senador Marcelo Castro, presidente estadual da sigla, costuma repetir orgulhoso que apoiou todas as eleições de Wellington Dias e, por último, a de Rafael Fonteles. Ou seja, ignora candidaturas do MDB nesse período.

Apesar da pouca disposição do partido para disputas majoritárias, a realidade sempre foi outra nas proporcionais. O MDB era visto como superpoderoso quando o assunto era a eleição para deputados. Era, porque ultimamente não tem sido mais.

Hoje em dia, o MDB implora de todas as formas para manter uma “fusão cruzada” com o PSD, para, assim, poder garantir ao menos a reeleição dos seus principais quadros na Assembleia Legislativa. Na fusão cruzada, todos os candidatos a deputado estadual do PSD concorrem pelo MDB e todos os federais do MDB concorrem pelo PSD.

Contudo, essa dependência do MDB não vem de agora. Há pelo menos três eleições, o partido compra briga para poder se encostar em alguém. Em 2018, ainda com a presença do aguerrido deputado petista Assis Carvalho, o PT queria ir de chapa pura para a disputa de deputado estadual. Organizados, os petistas se garantiam sozinhos na briga por vagas na Assembleia. Porém, o MDB implorou ao então governador Wellington Dias para que houvesse um “chapão” com outros partidos da base, principalmente, claro, o PT.

Após muita pressão dos emedebistas amedrontados e temendo uma crise em sua base aliada, o habilidoso Wellington Dias convenceu os petistas a se coligarem com o MDB.

Em 2022, com as coligações partidárias proibidas pela legislação eleitoral, o MDB voltou ao mesmo pesadelo. Sem chapa para garantir a eleição dos seus deputados estaduais, o partido propôs ao PSD a bendita fusão cruzada. Para salvar a bancada estadual, abriu mão dos deputados federais e fez o acordo com o PSD. Mais uma vez, os emedebistas estavam a salvos.

Agora, para 2026, os emedebistas voltam a ficar com medo. O PSD se organizou para lançar chapa própria de deputado estadual e o MDB, como sempre, não fez o dever de casa. Assombrados novamente, os emedebistas recorreram ao governador Rafael Fonteles para que ele pedisse ao deputado estadual Georgiano Neto para o PSD repetir a fusão cruzada com o MDB, assim como ocorreu em 2022.

A este colunista, Georgiano confirmou nesta sexta-feira (7) que o governador lhe fez o pedido. O deputado informou que “os termos desse entendimento” estão sendo dialogados.

Com intervenção do governador, certamente a fusão cruzada entre os dois partidos será mantida, afinal, os políticos aliados de governos no Piauí não costumam contrariar o chefe. A realidade, porém, é que o velho MDB do Piauí vai construindo a imagem de um partido dependente, que em toda eleição precisa recorrer a alguém para poder se salvar.

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